1. |
L-001
02:51
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a longa cobra metálica cospe pessoas
pelas suas muitas bocas desdentadas
um rio de almas que corre,
enfia-se pela garganta de pedra da Mãe
desaparecendo para sempre
fugindo pelos portões rumo ao sol
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2. |
L-010
04:03
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as cordas prendem o corpo ao chão
colchão de alcatrão que será caixão
levanto aos céus uma mão vazia,
implora clemência misericórdia perdão
mas é tarde, já me engole a terra
e os insectos atacam-me a pele seca,
vão comer até chegar ao osso
e eu serei branco puro finalmente
toda a carne pecado limpa de mim
e na boca um suspiro de alívio,
fim
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3. |
L-011
03:07
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há uma esquina que pertence às putas
entre duas ruas sujas da idade,
e lá sentado um mendigo,
mais gasto que velho,
com a luz dos olhos cansada, esbatida
diz ele que até os anjos apagam a luz um dia
que até o sol se cansa e foge, desaparece,
morre
acaba
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4. |
L-100
03:16
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um templo no topo de uma colina
colunas como dedos de pedra
esticando-se para agarrar o céu
e dele arrancar as nuvens
no altar um copo de vinho velho
e um cinzeiro cheio até transbordar
e atrás dele um padre reza
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5. |
L-101
02:24
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morre sozinho,
o velho anjo mendigo
sem um suspiro de alívio
nem um berro de desespero
só o sorriso triste
de quem já se esqueceu quem foi
e de como se ama
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6. |
L-110
04:21
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ratos e baratas rodeiam o corpo
numa última adoração ao seu senhor
o cadáver velho da putrefacção
e o cheiro forte da morte
que se eleva ao ar.
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7. |
L-111
08:06
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um templo de cimento quadrado
e o corpo atirado a um forno
onde arde e se livra em fim
do pecado.
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